A taxa de juros na contramão reduz o emprego, o consumo e a produção

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O Brasil possui uma das taxas de juros mais altas do mundo. A taxa de juros definida pelo Banco Central do Brasil é a taxa de referência utilizada para corrigir os títulos da dívida pública e serve de referência para todo o mercado financeiro e de crédito.

Juros altos tornam caro o crédito para o investimento e o consumo, penalizando as empresas e o/a trabalhador/a no financiamento da compra de bens, como a casa própria, carro, eletrodomésticos, celular, computador, entre outros. Reduz empregos porque as empresas param de investir e os consumidores param de comprar, desacelerando o crescimento econômico, causando baixa produtividade do país e falta de competitividade da nossa economia no mercado internacional.

A elevação da taxa de juros pelo Banco Central para derrubar a demanda por crédito e reduzir a pressão da economia sobre os preços, tentando conter a inflação, é um remédio caro que leva a perda de renda, a queda na produção e no consumo. A produção de alimentos fica menor e mais cara.

O Banco Central fixou a taxa de juros Selic em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, após sucessivas altas desde março de 2021, quando passou de 2% para 2,75% ao ano. Mas, na época, a inflação acumulada em 12 meses já estava cedendo, depois de o IPCA ter atingindo seu maior valor (12,13%) desde o início da pandemia, em abril de 2022. Em agosto de 2022, quando a Selic foi para 13,75% a inflação já registrava 8,73% ao ano.

Na última divulgação de maio de 2023, o IPCA registrou um índice acumulado em 12 meses de 3,94%, enquanto as estimativas do mercado para 2023 caíram para 5% e 4% no próximo ano. Isso faz com que a taxa de juros real no Brasil seja uma das mais altas do mundo. Com uma inflação de 3,94% e uma taxa de juros de 13,75% a taxa real fica em aproximadamente 9,8%.

A taxa de juros tem impacto direto também no crescimento da dívida pública e no pagamento dos juros da dívida. No ano passado o Brasil pagou R$ 503 bilhões em juros, equivalendo a 5,1% do PIB. Ainda assim, o estoque da dívida cresceu quase R$ 338 bilhões, elevando a dívida pública federal para cerca de R$ 6 trilhões. Só o capital financeiro ganha nesse cenário. As projeções para 2023 passam de R$ 700 bilhões, mais de 6,7% do PIB. Não dá para controlar a dívida se os juros são extorsivos.

A próxima reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom) será nos dias 20 e 21 de junho de 2023, o objetivo do BC é trazer a inflação para dentro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, atualmente em 3,35% para 2023.

O Banco Central ganhou autonomia justamente para não estar a serviço de manipulação, posições ideológicas ou interferências indevidas, agindo apenas considerando os indicadores macroeconômicos. Mas, a postura atual está declaradamente subvertendo esse princípio, pois os indicadores apontam para redução percentual da taxa. O Brasil não aguenta este juro. Perde o produtor e perde o consumidor/a. Perde o País!

Diretoria da CONTAG

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