A Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP26) começou na última segunda-feira (01) e vai até esta sexta (12), em Glasgow, na Escócia, reunindo delegações dos governos de cerca de 200 países, cujo objetivo é elaborar um acordo para reduzir as emissões de carbono e garantir transferências de recursos financeiros dos países ricos às nações em desenvolvimento, de forma a limitar o aumento da temperatura média global do planeta, com a redução ou controle dos gases que causam o efeito estufa, entre outras questões.
Para a COP26, mais de 190 países foram solicitados a apresentar planos de corte de emissões até 2030. Todos eles concordaram ainda em 2015 na promoção de mudanças para manter o aquecimento global abaixo de 2°C e tentar atingir 1,5°C para evitar uma catástrofe climática.
Em 2019, o dado mais recente, o mundo emitiu 36,4 bilhões de toneladas do gás. Cerca de 86% das emissões de dióxido de carbono do mundo vêm da queima de combustíveis fósseis (petróleo e seus derivados, o carvão mineral e o gás natural) para a produção de energia e materiais.
O Brasil está entre os seis maiores poluidores do mundo, com elevada emissão de carbono provocada pelo desmatamento e a prática agropecuária. Durante a COP26 o Brasil teve a intenção se mostrar preocupado com as mudanças climáticas, mas a política ambiental em curso no País contradiz o discurso da comitiva brasileira na Conferência Climática.
Sem a participação do presidente Bolsonaro, o Brasil foi representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que apresentou promessas de reduzir até 2030 as emissões dos gases de efeito estufa em 50% e do metano (gerado principalmente pela extração de petróleo) em 30%, e eliminar o desmatamento ilegal até 2028, mas não deixou claro, na prática, como pretende cumprir as metas propostas.
Destaca-se que nas vésperas da COP26 o governo lançou o Programa Nacional de Crescimento Verde e a revisão no Plano ABC+ (plano setorial de adaptação e baixa emissão de carbono na agropecuária), na tentativa de reverter sua reputação negativa na pauta climática, contudo, ainda sem nenhum efeito real nos objetivos propostos.
Assim, o que se verifica da participação do governo brasileiro na conferência do clima, que se encerra hoje, é que os compromissos assumidos pelo Brasil no decorrer da COP26 não convenceram o mundo de que há uma real intenção governamental de efetivar ações concretas e eficazes para uma mudança da política ambiental, pois há controvérsia do governo brasileiro entre o que diz e o que faz.
A realidade da atual política ambiental do país é de aumento das queimadas, do desmatamento, do sucateamento dos órgãos de fiscalização, do avanço de grileiros, madeireiros e mineradoras sobre nossas matas e florestas, especialmente no Cerrado e na Amazônia, tudo isso sob um manto de omissão governamental.
“Parece que as esperanças depositadas na COP26 para que o governo brasileiro e os demais governos no mundo apresentassem medidas eficazes de controle do clima não se concretizarão, pois o que se vê são declarações de intenções e de metas, mas sem a clareza das ações concretas para cumpri-las pelos maiores poluidores, como o Brasil, China e Estados Unidos”, afirma a secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Sandra Bonetti.
Como aspecto positivo, Sandra destaca a presença na COP26 da juventude e comunidades indígenas e tradicionais de todo o mundo por justiça climática, que saíram às ruas em Glasgow em busca de seus direitos, demonstrando preocupação com a preservação ambiental e com o clima.
FONTE: Secretaria de Meio Ambiente da CONTAG