Violência contra as mulheres do campo, da floresta e das águas é tema de seminário

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Cultura patriarcal ainda muito presente no Brasil. Marcha das Margaridas busca romper essa visão.


 


Denunciar e protestar contra todas as formas de violência contra as mulheres. Este foi o tema central que norteou os debates do seminário nacional que debateu “Conquistas e Desafios no Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas”, realizado na tarde do dia 11 de agosto, durante a 5ª Marcha das Margaridas. A temática foi apresentada pelas coordenadoras estaduais das Federações do Ceará, Rosângela Moura, e do Sergipe, Verônica Santana, enquanto os conteúdos foram trazidos por mulheres mais do que conhecedoras da realidade da mulher vítima de violência.


 


Aparecida Gonçalves, Secretária de Enfrentamento à Violência da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM), Raimunda Damasceno, assessora especial da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Nilde Sousa, da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Lúcia Rincon, da União Brasileira de Mulheres (UBM) e Carmen Foro, atualmente vice-presidente da CUT e quem coordenou a 4ª Marcha das Margaridas, em 2011.


 


O seminário apresentou algumas reflexões aos participantes e, além de mencionar as principais conquistas do campo – como as Unidades Móveis de Proteção à Mulher e a Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo – também destacou os principais desafios a serem encarados de frente. A secretária de Enfrentamento à Violência citou alguns.


“Dificuldades dos governos em reconhecer a violência como crime; falta de capilaridade nas ações, ou seja, políticas que ainda não chegam a todas as mulheres do país; e a necessidade dos governos trabalharem de maneira preventiva”, ponderou Aparecida Gonçalves. Segundo ela, sua presença no evento deve-se à necessidade de construir uma política que de fato atenda a todas as mulheres – o que inclui as do campo, das aguas e das florestas”, afirma.   


 


Para Raimunda Mascena, as mulheres estão mais encorajadas, empoderadas e dispostas a denunciar. “Percebemos que, de 2003 para cá, elas estão mais empenhadas em mudar esse cenário. No entanto, a prática da violência contra o sexo feminino ainda está, lamentavelmente, muito enraizada na sociedade brasileira”, refletiu dizendo mais. 


 


“Lamentavelmente muitas compactuam com isso e, em alguns casos, consideram a agressão como algo normal”. Raimunda vai mais fundo em sua reflexão ao dizer que a violência enfrentada pela mulher do campo é ainda pior que aquela sentida pelas mulheres da cidade. “No campo, temos um grande inimigo que é a invisibilidade. Lá ela vai gritar para apanhar em dobro, pois não tem quem escute seu grito”, lamenta.


 


Estes são apenas alguns dos reflexos de uma cultura patriarcal ainda muito presentes no Brasil do século XXI. Motivos mais do que suficientes para justificar a Marcha das Margaridas, que há 15 anos vêm tentando romper com essa lógica de desenvolvimento centrada na figura do homem e no capitalismo – que impõe uma necessidade de controle, apropriação e exploração do corpo, da vida e da sexualidade das mulheres.


 


 


 


FONTE – Assessoria de Comunicação Marcha das Margaridas – Renata Souza (texto e foto)