A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (FETRAECE), em nome dos seus 183 Sindicatos Rurais filiados, se solidariza às 150 famílias de agricultores e agricultoras do Acampamento Zé Maria do Tomé, organizados sob a bandeira do MST, que sofrem, mais uma vez, ameaça de despejo.
O Acampamento Zé Maria do Tomé, que teve início em maio de 2014, é oriundo da luta de centenas de famílias de 36 comunidades de Limoeiro do Norte, Quixeré e Tabuleiro do Norte que tradicionalmente produziam alimentos e mantinham relações de identidade com o território onde foi implantado o Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi, que após vários anos de luta por terra para voltarem a produzir e garantir o sustento das famílias, ocuparam a segunda etapa do perímetro irrigado Jaguaribe/Apodi e reivindicaram para si a área explorada por empresas do agronegócio que fazia uso abusivo de agrotóxicos apontado por pesquisadores da UFC como responsável por vários casos de adoecimento e morte de trabalhadores e trabalhadoras rurais da região.
É preciso destacar que a principal liderança comunitária dessas famílias, o José Maria Tomé, que reivindicava o direito a terra onde viviam e denunciava os crimes ambientais e contra a saúde da população local provocados pelo agronegócio com a utilização de agrotóxicos em larga escala, foi assassinado por pistoleiros em 21 de Abril de 2010. O homicídio de Zé Maria ocorreu poucos meses após a promulgação, em 20 de novembro de 2009, da lei municipal de nº 1.278/2009, que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos em Limoeiro do Norte.
Essa trajetória de luta por terra e por justiça das famílias do acampamento Zé Maria do Tomé exige de nós que fazemos o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR o apoio e a solidariedade no sentido de somar forças para resistir ao despejo dos agricultores e agricultoras das terras em que vivem e produzem alimentos num modelo de agricultura social e ambientalmente sustentável, como alternativa viável ao modelo predominante na região, imposto pelo agronegócio, que degrada o meio-ambiente, expulsa as famílias, produzindo desigualdades e adoecimento.
Essa medida arbitrária e truculenta do judiciário, que passa por cima de todo um processo de negociação com o Governo do Estado do Ceará e com o Governo Federal para encontrar uma solução pacifica que atenda os interesses das partes envolvidas e garanta o direito daqueles que vivem e produzem há gerações naquele território. É mais uma demonstração das forças reacionárias que se voltam contra os trabalhadores e as trabalhadoras as para concretizar, na sua forma mais agressiva, a retirada dos direitos sociais em nome dos interesses das elites detentoras do capital.
Diante de mais esta injustiça arbitrária e em defesa do direito a terra dos que nela vivem e produzem, manifestamos nossa solidariedade e nosso apoio ao Acampamento Zé Maria do Tomé nos colocando ao lado das famílias acampadas para fortalecer sua luta, garantir sua resistência e impedir qualquer tipo de violência contra elas.
REFORMA AGRÁRIA, JÁ!
Diretoria Executiva da Fetraece