Há 13 anos no acampamento São José, em Atalaia (a 78 km de Maceió), Francisco Eraldo da Silva, 49, contou oito vezes em que foi despejado e viu sua casa no chão. “A casa é de lona porque, se precisar sair, perco menos coisas. Aqui a vida é assim: se não luta, não tem”, conta o agricultor, que nunca teve um quinhão de terra.
A pequena área onde vive com a mulher e duas filhas é uma ocupação da falida usina Ouricuri. Lá também moram outras 50 famílias que pedem a posse definitiva do local. Mas, se depender do número de assentamentos de famílias por reforma agrária nos últimos anos, a espera vai ser longa.
Informações obtidas pelo UOL junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) mostram que em 2017 não houve assentamento de nenhuma família no Brasil. Desde 1995, quando os dados passam a ser separados anualmente pelo instituto, não era registrado um ano sem famílias assentadas. O menor número havia ocorrido em 2016, quando foram 1.686 famílias. No ano anterior, haviam sido assentadas 26.335 famílias.