ELIZABETH TEIXEIRA: 90 ANOS DE LUTA!

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O que significa a luta das mulheres? 


 


Significa que estão vivas e querem seus direitos. Eu fiz e faço a luta pela Reforma Agrária em nosso país. Uma luta que fiz junto com meu marido, João Pedro Teixeira, que foi assassinado para que os trabalhadores (as) rurais tivessem direito a terra para sobreviver com suas famílias. Então eu assumi a luta para a Reforma Agrária ser implantada no nosso país, mesmo tendo ficado sozinha com a responsabilidade de criar 11 filhos, seis homens e cinco mulheres. Depois de muito sofrimento, cheguei a idade avançada ainda acreditando que será implantada a Reforma Agrária no nosso Brasil. Agradeço a todas as mulheres que continuam na luta pelos direitos das mulheres e homens do campo. 


 


Que fatos marcaram sua vivência com Margaridas Alves?


 


 Tive com Margarida, num foi nem uma, nem duas vezes… Sua luta foi muito correta. Lembro que ela dizia: Pra termos vitória, necessitamos da terra e não apenas os latifundiários. Aquela foi uma época muito difícil para fazer a luta e ela resistiu até covardemente cessarem sua voz. 


 


Que lembranças Elizabeth guardou de sua própria história de militância? 


 


Continuei a luta de meu esposo com o apoio de todas as companheiras (os) do sindicato, pois muitos trabalhadores e trabalhadoras rurais vieram na minha casa chorando, pedindo que eu não os (as) abandonasse. Logo em seguida minha casa foi cercada por policiais que davam muitos tiros por todos os lados. Depois chegou um carro de polícia, eu sai com minha filha Marluciane no colo, me jogaram dentro do carro e me deram um tiro nas costas… 11 dias depois minha filha, revoltada, tomou veneno com mel e morreu. Ainda perdi na luta mais dois filhos: João Pedro Teixeira Filho e Isaías Teixeira. Eles diziam que iam dar continuidade à luta do pai mas, após o golpe militar, foram assassinados… Hoje penso: Como ainda como estou viva? Me orgulho de ter 90 anos e peço à Deus que abençoe todas mulheres e fortaleça seus espíritos para que essa luta continue no nosso país. Ao final da entrevista de forma muito simpática, dona Elizabeth Teixeira agradeceu o reconhecimento da CONTAG pela sua história de luta e militância em nome das mulheres e do MSTTR.


 


 


FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG – Barack Fernandes