“Não vou sair do campo pra poder ir pra escola, educação do campo é direito e não esmola!” Essa música de Gilvan Santos retrata muito bem uma das grandes demandas das populações do campo, da floresta e das águas.
De acordo com o Censo Escolar, somente de 2014 a 2019 foram fechadas um total de 12.196 escolas rurais, entre elas estão as federais, estaduais, municipais e privadas, ou seja, tem-se em média de 2.032 escolas/ano sendo fechadas. Além do fechamento das escolas, a CONTAG e demais organizações que compõem o Fórum Nacional de Educação do Campo (Fonec) denunciam o desmonte dos programas e políticas educacionais no Brasil de hoje e a falta de compromisso com o princípio constitucional da educação pública, gratuita e de qualidade da Constituição Federal (CF) de 1988 como um direito a todos os brasileiros e brasileiras.
Para fazer essa grande defesa da educação do campo e no campo, pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade, a CONTAG, as Federações e Sindicatos lançaram na tarde desta terça-feira (09) a Campanha RAÍZES SE FORMAM NO CAMPO – Educação Pública e do Campo é um direito nosso! Foi realizado o Ato Político Cultural em Defesa da Educação Pública e da Educação do Campo pela plataforma Zoom, com transmissão no Facebook da CONTAG, com a participação de representantes das Federações e Sindicatos, de professores(as), educadores(as) populares, representantes dos fóruns parceiros, entre outros(as) convidados(as).
A campanha tem quatro objetivos centrais:
1. Denunciar o fechamento das escolas do campo, o desmonte da política pública de educação brasileira e defender a permanência e a construção de mais escolas no campo;
2. Pautar, na sociedade, a defesa de uma educação emancipadora fundamentada na dialogicidade, na práxis, na transformação social, na autonomia e na participação dos sujeitos sociais, em conformidade com o legado do patrono da educação brasileira Paulo Freire;
3. Incidir na política de educação a ser elaborada e desenvolvida pelos prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadores recém-eleitos e eleitas, e comprometê-los(as) com a construção de uma política de educação pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade;
4. Discutir a importância da educação do campo para a permanência dos agricultores e agricultoras familiares no campo, respeitando e valorizando todo um modo de vida no campo em que se preservem suas culturas, saberes e suas formas de produção e de convivência com a natureza.
“Foram anos de reflexão, de escuta e debates com o propósito de fazer essa construção coletiva, de lançar essa campanha em defesa da educação pública e da educação do e no campo. E a nossa luta é por uma educação pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade. Sem educação pública não teremos educação do campo. Na educação pública, a nossa luta é pela implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), garantindo o recorte da educação do campo”, explicou Edjane Rodrigues, secretária de Políticas Sociais da CONTAG, que integra a coordenação da campanha.
Edjane reforçou alguns dos desafios já enfrentados com a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos os investimentos em políticas sociais, como a educação, por exemplo. A dirigente também ressaltou a importância da unidade em torno dessa campanha. “A nossa luta história em defesa da educação do e no campo é por entender que ela precisa acontecer no campo, lugar onde as pessoas moram, com os seus conhecimentos, culturas e tradições. Ela precisa ser do campo. Os currículos precisam ser ajustados à forma de vida, ao contexto e à realidade das populações do campo. Ela tem que dialogar com a reforma agrária, com a agroecologia, precisa contribuir com o fortalecimento da agricultura familiar”, destacou a secretária.