Análise de conjuntura indica os desafios para os(as) assalariados(as) rurais no atual cenário político

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A tomada do poder executivo por um grupo que defende os valores do neoliberalismo do estado mínimo e das políticas de austeridade têm trazido consequências terríveis para a sociedade brasileira já em seus primeiros meses de atuação. O governo Temer, com o apoio de um Congresso Nacional retrógrado, tem tomado medidas que agravam a crise econômica que afeta o Brasil graças a fatores internacionais como a queda do preço das commodities e a diminuição das importações, desde 2014. 


 


Sem considerar diversas maneiras de aliviar o déficit e estimular  o crescimento da economia – como taxar grandes fortunas e setores da economia como a indústria de agrotóxicos, combater a corrupção e a sonegação de impostos, propor a reavaliação de gastos dos poderes Legislativo e Judiciário – o governo federal propõe a PEC 55, que congela os investimentos em saúde, educação e outras políticas básicas (que tem o objetivo de garantir dinheiro para o pagamento de juros da dívida pública) e a Reforma da Previdência, que vai prejudicar todos os trabalhadores(as) brasileiros, especialmente os rurais.


 


Essas são algumas das conclusões das análises de conjuntura realizadas hoje pelos participantes da abertura do II Seminário dos Assalariados e Assalariadas Rurais que reunirá, até sexta-feira(9), cerca de 150 dirigentes sindicais de 23 estados no auditório da CONTAG para debater temas como o combate ao trabalho escravo, a informalidade, a terceirização e a manutenção dos direitos dos trabalhadores. A abertura contou com representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Comissão Nacional de Combate ao Trabalho Escravo (Conatrae), o coordenador da regional da UITA, Gerado Iglesias, e também da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (CONTAR).


Para o presidente da CONTAG, Alberto Broch, este seminário é uma importante oportunidade de fortalecer o trabalho conjunto das confederações das duas categorias – assalariados(as) rurais e agricultores(as) familiares – que por 53 anos lutaram juntos e conquistaram diversos avanços para a dignidade do homem e da mulher do campo. “A atual conjuntura política é perversa e o trabalho conjunto será fundamental para resistirmos a essa onda de retrocessos. Não vamos tolerar a perda de direitos e seguiremos juntos lutando para avançar cada vez mais em todas as áreas nas quais ainda precisamos melhorar”, afirmou Broch.


 


O presidente da CONTAR, Antônio Lucas, acredita que a luta deve ser fortalecida na base, com a formação política e de consciência necessária para mudar a realidade de quem é escolhido para as Câmaras de Vereadores, de Deputados estaduais e também para o Congresso Nacional, além do Poder Executivo. Ele reforçou a necessidade da atuação conjunta de todo o movimento sindical, não apenas rural, mas também te outras categorias, pois a atuação do atual governo ameaça a todos os(as) trabalhadores(as). A representante da OIT, Larissa Lamera, apontou a importância da parceria entre a CONTAG e a OIT, além da atuação do MSTTR com o canal de denúncia de trabalho escravo, hoje inserido no site da CONTAG.


 


Para o secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais da CONTAG, Elias D’Ângelo Borges, desde 2015 já é possível perceber como as negociações trabalhistas estão cada vez mais difíceis, em consequência da crise econômica que afeta o Brasil. “O Movimento Sindical tem trabalhar em um contexto político que não tem interesse em investir em educação porque favorece a muitos empresários ter trabalhadores analfabetos que precisam se submeter a condições indignas de trabalho. Não é interesse do atual Congresso Nacional fortalecera saúde pública, porque a maioria eles representam os interesses de planos de saúde. Querem enfraquecer os movimentos sindicais, para não haver uma representação de qualidade. Querem criminalizar aqueles que lutam por seus direitos e se manifestam contrariamente ao que está sendo imposto. Os desafios são grandes e temos que manter a cabeça erguida”, afirmou Elias.


 


A análise de conjuntura foi realizada pelo representante do Dieese Max Leno de Almeida, que apresentou o histórico de crescimento e diminuição do Produto Interno Bruto (PIB), das taxas de inflação e apresentou todas as consequências das atuais propostas apresentadas ao Congresso Nacional como a PEC 55 e a Reforma da Previdência. Para o pesquisador, o mundo inteiro assiste a uma guinada para a direita, em um fortalecimento mundial de tendências retrógradas como o racismo, a xenofobia, o preconceito. “Além disso, internamente enfrentamos um Congresso nacional adverso, com alto grau de fisiologismo. Precisamos atuar em conjunto com diversos atores sociais, porque a resistência precisa estar forte e unida”, afirmou. 


 


 


FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG – Lívia Barreto